*por Fernanda Vilela Coelho
O mês de março é o mês da mulher. É impossível pensar nesta afirmação sem investigar o motivo. Por qual razão dedicamos um mês inteiro à um gênero específico? Sim, gênero, pois há quem diga que o “ser mulher” é uma construção social, cultural e política baseada nas expectativas de uma sociedade. Confuso, não é mesmo?
Mas como escrever sobre um tema tão delicado e complexo sem abordar um dos principais aspectos que o permeia? É preciso falar da moral, deste conjunto de valores, costumes e princípios cujas variáveis moldam a forma de pensar, agir e interagir de cada indivíduo.
A moral pertence a um espaço e a um tempo, ou a uma geração, que a transmite às demais gerações na confiança de que se trata de um bom legado de orientações sobre o modo de se comportar para viver uma vida boa e justa. Quando, todavia, se tem gerações distintas no mesmo espaço e tempo, ocorre o embate entre suas respectivas visões. Me parece que vivemos em meio a este conflito no que diz respeito à identificação dos gêneros.
Assim, desde o final do século XIX até o reconhecimento da igualdade entre os homens e as mulheres oficializado pela ONU em 1975, celebramos o “8 de março” como o Dia Internacional da Mulher. De lá para cá, o ideal feminino mudou. Se antes bastavam as habilidades manuais no exercício do ofício, hoje são as intelectuais que predominam.
A minha volta, vejo exemplos por todos os lados. Não há, no ambiente profissional, algo tradicionalmente atribuído ao homem que a mulher não seja capaz de realizar, e vice-versa. Enxergo a humanidade sem exceções, não há condições privilegiadas nem regalias de um lado ou de outro. Será este meu ponto de vista uma doce utopia ou a minha própria realidade?
Há discriminação de gênero na mesma proporção em que há espaço para sobressair-se e alcançar o que se almeja. Felizmente, não basta ser homem para atingir o mais alto nível hierárquico, assim como não é preciso ser mulher para manter-se em cargos de subordinação. O anseio pelo progresso não escolhe o gênero, é o ser quem encontra pela frente aquilo que semeou, especialmente em sociedades livres. A minha segurança em defender tal afirmação reside no limite da minha perseverança, que tende a ser ilimitada. E isso vale para tudo e para todos.
Ocupar um cargo de liderança exige compreensão do ambiente interno e, sobretudo, muita análise e reflexão sobre os aspectos externos. Seja qual for o gênero, um bom líder entende que a sociedade está em constante adequação de seus valores morais e aceita que as mudanças visam um futuro sustentável e pacífico, com direitos e oportunidades iguais para todos.
As mulheres possuem habilidades técnicas e científicas idênticas às dos homens. Não fosse a sua própria identidade pessoal, seria impossível nomear o gênero. A capacidade de se compreender este fato tão cristalino está no nível de esclarecimento de cada indivíduo, na sua coragem de se servir de seu próprio entendimento sem a tutela do outro.
Sejamos, pois, corajosos em aceitar esta adorável, perfumada e bela realidade que nos cerca.