Metaverso e NFT: Novas formas de monetização digital

26/01/2022

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*Por Amanda Andrade Aires (advogada)

A crescente digitalização, acelerada em 2020 com a pandemia, trouxe velhos conceitos a serem explorados, como o metaverso e possibilitou a exploração de novos conceitos vinculados em meios técnicos, a exemplo dos tokens não fungíveis – NFTs.

A palavra metaverso foi utilizada pela primeira vez em meados da década de 1980, segundo Luli Radfahrer, professor da USP, no livro Snow Crash. Em seu conceito, metaverso corresponderia à vivência de experiências através da imersão em uma realidade paralela e essas experiências poderiam contar com estrutura similar ao mundo físico, possibilitando a interação entre ambientes físicos e virtuais.

Vale mencionar que o metaverso não se resume a apenas uma tecnologia, sendo formado por várias que buscam replicar a realidade existente ou criar uma realidade alternativa, através da utilização de dispositivos eletrônicos, podendo por exemplo ter vários formatos, como um jogo ou uma sala de reunião. Imagem 01: Reunião no Facebook. Fonte.

A maioria dos “metaversos” surge com os videogames, a exemplo disso, temos o jogo criado em 2003 conhecido como second life que tinha como proposta a criação de uma realidade alternativa com as mesmas dinâmicas, ambientes, relações e negócios do mundo real. À época, várias empresas apostaram em espaços virtuais que replicavam suas lojas, tais como Nike, Adidas, Amazon, IBM e Rebook, com a intenção de estar presente e gerar reconhecimento através de campanhas publicitárias no jogo.

Metaverso e NFT: Novas formas de monetização digital 4 Imagem 02: IBM no metaverso. Fonte.

As big techs como Facebook e Microsoft apostam que o metaverso será a nova realidade e estão investindo massivamente na criação e adaptação de tecnologias que proporcionem a prestação de serviços nesses ambientes, principalmente nas áreas de educação, publicidade e comércio eletrônico. Nesse sentido a rede social facebook mudou seu nome para Meta e as previsões de Bill Gates é de que futuramente todas as reuniões virtuais serão no metaverso.

Vale mencionar que o metaverso é uma tecnologia e a experiência imersiva depende da utilização de acessórios tecnológicos como óculos inteligentes e dispositivos de realidade aumentada – VR. Dessa forma, pode ser considerada uma tecnologia atualmente limitada a apenas algumas pessoas com poder aquisitivo para essa imersão.

Imagem 03: Jogador número 01. Fonte.

Com os investimentos e avanços feitos pelas big techs é possível que futuramente os aparelhos techs sejam amplamente comercializados, e assim muitos consumidores poderão ter uma experiência no metaverso.

O interesse pelo metaverso foi impulsionado com a pandemia, o isolamento social fez surgir a necessidade de interação com amigos, ambientes profissionais e experiências comerciais ainda que de forma virtual, sendo esse um atrativo para utilização dessa tecnologia como uma maneira de suprir em parte as interações humanas. É importante frisar que é uma tecnologia disruptiva e por isso muitas são as expectativas do que ela pode oferecer e como pode ser aplicada.

Citamos alguns dos metaversos existentes, sendo os mais conhecidos o Axie Infinity, Decentraland e The Sandbox, que possuem espaços criados a partir de jogos eletrônicos intrinsecamente vinculados, haja vista que as reproduções visuais e interações nessas tecnologias se beneficiam dos padrões criados pelos games.

Essa abertura de novos modelos de negócios totalmente virtuais tem encantado empresas que buscam formas de comercialização de produtos e serviços nesses novos ambientes. Uma das formas de monetização tem sido através da venda de NFT’s ou tokens criptografados que correspondem a uma identificação escrita em blockchain sobre a propriedade de uma transação vinculado a um ativo digital, que pode ser uma obra de arte, um single, uma roupa virtual, um desenho, um gif etc.

A exemplo disso vamos mencionar o case da Adidas, que recentemente lançou uma coleção de NFT (tokens) intitulada Into the metaverse, cujos NFT’s garantem o “ingresso” ao fã-clube exclusivo da marca. A aquisição da chave garante a experiência digital e física de vestimentas (moletom) com endereço em blockchain vinculado ao produto que pode ser utilizado no avatar em um ambiente no metaverso, o que aumenta o efeito de “realidade” sobre a posse de obras de artes ou bens digitais.

Imagem 04: Adidas e NFT. Fonte.

Outra forma de monetização é feita através da venda de imóveis no metaverso com representação virtual de terrenos ou mansões no ambiente digital, outra forma também praticada é a venda de um imóvel MetaReal, em formato NFT permitindo a inscrição de propriedade de uma mansão no mundo virtual. Sendo cumulado com a mansão no mundo real, essa nova forma de negócio vem sendo praticada e gera boas expectativas para o mercado imobiliário.

Imagem 05: Mansão vendida no metaverso. Fonte.

As discussões e formas de negócios ainda são incipientes, diariamente estamos aprendendo e verificando novas formas de produtos e comercializações possíveis nos metaverso, o que não muda é a preocupação da proteção de ativos virtuais como marcas e direitos autorais que em nossa perspectiva contam com a proteção atualmente disponível nos meios físicos e digitais estendida a essa realidade paralela.