*Por Marcio Tabata (especialista em patentes)
Ainda jovem, Thomas Edison percebeu a importância de proteger suas invenções através de patentes. Aos 22 anos de idade, em 1º de junho de 1869, teve sua primeira patente concedida, cujo título é Improvement in Electrographic Vote-Recorder (Melhoria em Gravador de Votos Eletrográficos). Em sua patente, o jovem Thomas explica:
“O objetivo da minha invenção é produzir um aparelho que grave e registre em um instante, e com grande precisão, os votos dos órgãos legislativos, evitando assim a perda de valioso tempo na contagem e registro dos votos e nomes, como feito normalmente[…]”
Não se tem informação do sucesso de tal invenção, porém, só por ser a primeira de 1.093 patentes, merece ser citada.
Sua patente mais recente é a US 1,908,830, depositada em 1º de junho de 1931, no auge dos seus 84 anos, sob o título Holder for Article to be Electroplate (Suporte para Artigo a ser Galvanizado).
A Thomas A. Edison Papers Project classificou suas patentes em 8 grandes temas: 9 patentes tratando de filmes cinematográficos, 49 de cimento, 50 de temas diversos, 53 de mineração e moagem de minério, 147 de baterias, 186 de telegrafia e telefonia, 199 de fonógrafos e gravação de som e 424 de luz elétrica e energia. Vale ressaltar que a soma é maior que 1.093, pois uma patente pode se referir a mais de um tema.
Como grande empreendedor, Edison, sempre fez bom uso de suas patentes e um bom exemplo disso é o licenciamento de um forno rotativo que desenvolveu para fabricação de cimento. Apesar dos negócios voltados para cimento de Edison nunca apresentarem grande rentabilidade, a Edison Portland Cement Co. forneceu concreto para, em 1923, construir o Yankee Stadium do time de beisebol da cidade de Nova York. O concreto fornecido pela companhia de Edison foi mantido, mesmo após uma grande reforma feita entre 1973 e 1974, e sustentou o estádio até sua demolição em 2008.
Também de acordo com a Thomas A. Edison Papers Project, o inventor e empreendedor teve mais de 300 empresas criadas ao redor do mundo para fabricar e comercializar suas invenções, incluindo cerca de 200 empresas voltadas para a iluminação. Não por acaso. Com 424 patentes, luz elétrica e energia é o maior tema abordado por Thomas Edison, e aquele que gerou maior projeção ao inventor.
Em 1890, Thomas Edison criou a Edison General Electric Company, que em 1892, após a fusão com a Thomson-Suston Compapny, de Charles A. Coffin, formou a General Electric Company, que segundo a Fortune 500 de 2021, possui cerca de 184.000 funcionários, possuindo a 38ª maior receita dentre as companhias americanas.
Alguns exemplos de outras famosas invenções atribuídas a Thomas Edison são o fonógrafo, sistema de geração e distribuição de energia elétrica, câmera cinematográfica e célula de combustível.
Mesmo com a grande quantidade de invenções é difícil dissociar a imagem de Thomas Edison da lâmpada incandescente, invenção que gerou a patente US 223,898 concedida em janeiro de 1880, que pode-se dizer que e a mãe da lâmpada incandescente que conhecemos hoje.
Figura 1 – Imagem da patente US 223,898 de Thomas Edison.
Mais de 130 anos após sua invenção a lâmpada incandescente ainda era uma forma de iluminação bastante utilizada no mundo, sendo que, somente nos anos 2010, começaram a surgir legislações no sentido de substituir tais lâmpadas por tecnologias mais eficientes. Aliás, a lâmpada incandescente, mesmo após mais de um século de evolução, é utilizada até os dias atuais. Você não utiliza lâmpada incandescente? Então ligue a luz do seu forno. Lá está ela. Com uma eficiência energética que gira em torno de 5 a 10%, e que é considerada bastante baixa, será que podemos dizer que a invenção mais famosa daquele que é considerado, por muitos, o maior inventor da história, é ruim? Só se todo o benefício e histórico de sua utilização forem “apagados”.