* por Jeniffer Murielle Aranha (técnica em patentes)
Considerada uma das grandes descobertas da humanidade, a descoberta da penicilina representa um grande marco na história da medicina e abriu as portas para o desenvolvimento de muitos outros antibióticos, tais como a Amoxicilina, Ampicilina, Dicloxacilina, Ticarcilina, entre outros.
Anteriormente, os recursos e tratamentos para infecções bacterianas se limitavam à métodos terapêuticos, tais como a utilização de plantas medicinais, terapias naturais e remédios caseiros na tentativa de conter as infecções existentes. Entretanto, essas abordagens se mostravam pouco eficazes e, frequentemente, as infecções progrediam a ponto de se tornarem fatais. Ademais, a infecção era uma das principais causa de morte em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos, de modo que tal atividade era considerada altamente perigosa. Um recurso bastante utilizado pelos cirurgiões era as amputações de membros, de modo a evitar a propagação das infecções.
Após a descoberta da penicilina, a medicina deu um grande salto no tratamento de infecções bacterianas tornando-se rapidamente uma droga amplamente utilizada no tratamento de várias infecções e revolucionando a medicina moderna. A descoberta da penicilina inspirou muitos outros cientistas na busca por novas composições de antibióticos e, desde então, foram desenvolvidos muitos outros medicamentos para combater infecções bacterianas, contribuindo significativamente para a saúde pública e salvando milhões de vidas em todo o mundo.
A descoberta da penicilina ocorreu em 1928 pelo renomado médico e microbiologista escocês Alexander Fleming em seu laboratório no hospital de St. Mary, em Londres. Durante seu período de férias, Fleming deixou várias placas de cultura de bactérias Staphylococcus em seu laboratório, que foram contaminadas com esporos do fungo do gênero Penicillium notatum. Quando retornou, notou que as bactérias próximas ao fungo não estavam em atividade, o que o levou a investigar as propriedades antimicrobianas da substância produzida pelo fungo e concluir que o mesmo era nocivo as bactérias.
Fleming identificou a substância como sendo a penicilina e demonstrou por meio de teste que a mesma tinha um efeito antibiótico significativo contra pelo menos 80 espécies de bactérias patogênicas, incluindo Staphylococcus. Embora a descoberta da penicilina por Fleming tenha sido um marco na história da medicina, ainda havia muito trabalho a ser feito de modo a tornar a substancia um medicamento viável. O desenvolvimento da penicilina como um medicamento foi realizado pelos pesquisadores Howard Florey, Ernst Chain e Norman Heatley da Universidade de Oxford, que isolaram e purificaram a penicilina em quantidade suficiente para estudos clínicos em humanos.
Durante a segunda guerra mundial foi necessário produzir o medicamento em larga escala para tratar os feridos de combate, sendo que a primeira pessoa a fazer uso do antibiótico foi um policial com infecção na corrente sanguínea, no ano de 1940. No ano de 1945, Fleming, Florey e Chain se tornaram ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina por seus trabalhos relacionados à penicilina.
A primeira patente da penicilina foi depositada em 25 de junho de 1945, nos Estados Unidos, pelos cientistas britânicos Howard Walter Florey e Ernst Boris Chain, juntamente com o químico alemão Norman Heatley. A patente foi concedida pelo governo dos Estados Unidos após o sucesso dos testes clínicos da penicilina durante a Segunda Guerra Mundial. Uma patente relacionada à penicilina foi concedida em 1948 e reivindicava um método de produção em larga escala da penicilina usando a incubação de um mofo produtor de penicilina em contato com um meio nutriente aquoso. O processo foi desenvolvido pelo cientista Andrew J. Moyer que aprimorou o método original de produção de penicilina desenvolvido pelos britânicos Howard Florey e Ernst Chain. No entanto, a patente expirou em 1965, abrindo caminho para outras empresas farmacêuticas começarem a produzir e comercializar a penicilina em larga escala.
Dentre as primeiras doenças curadas pela penicilina estão a meningite e a septicemia, em pacientes que receberam tratamento experimental com o antibiótico em 1941. Na época, a penicilina ainda era um medicamento experimental e sua produção em larga escala se tornou possível apenas alguns anos depois. Com o tempo, a penicilina se mostrou eficaz no tratamento de uma variedade de infecções bacterianas, como pneumonia, meningite, infecções de pele, infecções do trato urinário, sífilis, entre outras.
Atualmente existem muitas bactérias que se tornaram resistentes a penicilina, entretanto, a descoberta da mesma contribuiu portas para o desenvolvimento de muitos outros novos antibióticos, e sem dúvidas representa um dos grandes e principais avanços da medicina.