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Os maiores depositantes de patentes no Brasil no século XXI

Os maiores depositantes de patentes no Brasil no século XXI 2

*Por Miguel Claudio da Silva

Mesmo o Brasil sendo uma das maiores economias do mundo, atualmente ocupando a 12ª posição entre os maiores PIB’s – Produto Interno Bruto, o mesmo não se repete no tocante ao ranking entre os maiores depositantes de patentes no mundo. Segundo o World Intellectual Property Indicators 2020, elaborado pela WIPO – World Intellectual Property Orgnanization, o Brasil ocupa a 24ª posição no ranking de depósitos de patentes, levando em consideração patentes nacionais e estrangeiras. 

Mesmo não ocupando uma posição de destaque no ranking de maiores depositantes de patentes, o Brasil ainda representa um local interessante para proteção de invenções, uma vez que apresenta uma média próxima aos 30 mil documentos depositados desde o ano de 2010. 

No intuito de identificar quais os maiores depositantes de patentes no Brasil, o departamento de Inteligência Tecnológica e Monitoramento Estratégico do VilelaCoelho realizou um levantamento junto a base de dados do INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, apresentando-os graficamente em formato de corrida de barras, mostrando a evolução dos depósitos no tempo.

Importante ressaltar que o levantamento foi realizado com base nos documentos publicados, não levando em consideração documentos arquivados sem publicação ou em sigilo. Oficialmente o século XXI teve início no ano de 2001, porém, para esse levantamento foram considerados os documentos depositados entre os anos de 2000 e 2019.

10° POSIÇÃO – HALLIBURTON COMPANY (2901 documentos)

A HALLIBURTON COMPANY é uma empresa multinacional americana, fundada em 1919 em Dunkan, Oklahoma, atuante no setor de serviços à indústria de exploração e produção de petróleo, sendo, inclusive, uma das maiores desse setor e destacando-se também por serviços de engenharia e construção.

A empresa foi fundada em 1919 por Erle Halliburton, em Oklahoma, sob o nome de New Method Oil Well Cementing Company e foi construindo o seu conglomerado a partir de diversas aquisições de empresas, tendo, atualmente, atuação em mais de 80 países e empregando mais de 70 mil pessoas.

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de gás e petróleo, tratando principalmente de tecnologias conectadas à perfuração de poços de petróleo. A Halliburton começou a figurar entre os 10 maiores depositantes de patentes no Brasil a partir de 2014 e se mantém nele desde então.

9ª POSIÇÃO – GENERAL ELECTRIC COMPANY (2910 documentos)

A General Electric é um conglomerado multinacional americano, com sede em Boston, Massachusetts (EUA), com atuação em diversas segmentos, como por exemplo: aviação, softwares, conexões de energia, pesquisa global, assistência médica, iluminação, petróleo, gás, energia, transporte, capital, life science, produtos farmacêuticos, indústria automotiva e etc. 

A empresa foi fundada em 1878, por Thomas Edison, sob o nome Edison Electric Light Company, antes mesmo da invenção da lâmpada incandescente, passando a se chamar General Electric Company em 1892, sob a liderança de J. P. Morgan, principal investidor/patrocinador de Thomas Edison, a partir da fusão entre a Edsion Electric Company e a Thomson-Houston Company.

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de turbina a gás e máquinas e equipamentos turbinados, combustores e motores turbo; e baterias e fontes de carga. A General Electric começou a figurar entre as 10 maiores depositantes de patentes no Brasil a partir de 2016, na décima posição, subindo para nona posição em 2019.

8ª POSIÇÃO – 3M (3001 documentos)

A 3M, antiga Minnesota Mining and Manufacturing Company, é um conglomerado multinacional americano de tecnologia, atuante em seis grandes segmentos: Indústria e Transporte, Material de Consumo e Escritório, Segurança, Produtos Elétricos e Comunicação, Controle de Tráfego e Comunicação Visual. O seu portfólio compreende mais de 55 mil produtos e algumas marcas muito conhecidas como Post-it, Scotch-Brite, entre outras.

A empresa foi fundada em 1902 em Minnesota, nos EUA, mais precisamente na Região dos Grandes Lagos, inicialmente para atuar na exploração de minérios. Em 1905, mudou a sua atuação para produção de abrasivos e em 1916 construiu o primeiro de vários laboratórios de qualidade, responsável por diversificar a sua atuação no mercado.

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de filmes, resinas e adesivos; polímeros acrílicos e monômeros; resinas epoxis, artigos absorventes, termoplásticos e tecnologias ligadas à fibra óptica. A 3M começou a figurar entre os 10 maiores depositantes de patentes no Brasil a partir de 2004 e se mantendo na lista desde então.

7ª POSIÇÃO – JOHNSON & JOHNSON (3095 documentos)

A Johnson & Johnson é uma empresa americana, sediada em Nova Jersey – EUA, fundada em 1886, com forte atuação nos segmentos de farmacêuticos, utensílios médicos e produtos pessoais de higiene. Atualmente a empresa possui operações em mais de 90 países, com cerca de 200 subsidiárias e produtos vendidos em mais de 175 países.

A empresa iniciou as suas operações em 1886, fundada pelo farmacêutico Robert Wood juntamente com os seus irmãos Edward Mead e James Wood e atualmente emprega mais de 130 mil funcionários. O seu portfólio inclui marcas muito conhecidas como Band-Aid, Tylenol, Cotonetes, Listerine, entre outras. O complexo localizado em São José dos Campos – SP é, atualmente, o maior da empresa no mundo.

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de instrumentos e dispositivos cirúrgicos, medicamentos, bandagens, próteses, formulações, shampoos e cosméticos, sanitização, entre outros. A Johnson & Johnson começou a figurar entre os 10 maiores depositantes de patentes no Brasil a partir de 2000 e se mantendo desde então, chegando até mesmo a figurar no top 3 entre os anos de 2002 e 2003.

6ª POSIÇÃO – P&G COMPANY (3746 documentos)

A Procter & Gamble Company é uma empresa multinacional americana, com atuação na área de bens e consumo, mais precisamente em beleza, higiene, cuidados de saúde, tecido, home & care e produtos para bebês. 

A empresa foi fundada por William Procter e James Gamble, em 1837, em Ohio – EUA e possui atualmente mais de 138 mil funcionários e cerca de 380 marcas ao redor do mundo, entre elas Pampers, Gillete, Oral-B, Ariel, Always e Vick. 

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de produtos para cuidados de pele, cabelo e boca; produtos para limpeza de tecidos e louças; e artigos absorventes. A P&G começou a figurar entre os 10 maiores depositantes de patentes no Brasil a partir de 2000, figurando no top 3 no ano 2000 e entre os anos de 2004 e 2009, chegando a liderá-lo em 2000, 2005 e 2007.

5ª POSIÇÃO – DOW GLOBAL TECHNOLOGIES LLC (4039 documentos)

A Dow Global Technologies é um braço da Dow Chemical Company, conhecida somente como Dow, sendo esta uma empresa de produtos químicos, plásticos e agrícolas, decorrente da dissolução da Dow-Dupont, antiga maior empresa do segmento. 

A Dow é uma empresa americana com atuação em mais de 160 países, empregando atualmente mais de 54 mil pessoas. A empresa possui sete segmentos operacionais diferentes, baseados principalmente no fornecimento de produtos para outras indústrias do segmento químico. As suas principais marcas são: Impaxx, Adcote, Fortefiber, Betame e Lesa. 

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de resinas de propileno, propileno heterofásico, copolímeros de etileno, borrachas, extensores de cadeia, poliol, olefina e catalisadores. A Dow começou a figurar entre os 10 maiores depositantes de patentes no Brasil a partir de 2004 e se mantém nele desde então.

4ª POSIÇÃO – PHILIPS (4249 documentos)

A Philips, também conhecida como Koninklijke Philips N.V, é uma empresa de origem holandesa, sediada na cidade de Amsterdã, com grande atuação no segmento de eletrônicos e itens de consumo.

A empresa foi fundada em 1891 por Gerard Philips e Frederik Philips, respectivamente, filho e pai, inicialmente para a produção de lâmpadas de filamento de carbono. Atualmente, a empresa está presente em mais de 100 países e empregando cerca de 114 mil pessoas ao redor do mundo. As suas principais marcas são: Living Colors, Ambiente Experience, Senseo e Philishave.

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de dispositivos e equipamentos cirúrgicos e de diagnóstico por imagem, soluções em análises de risco e blockchain, healthcare, interface com pacientes e soluções para doenças respiratórias. A Philips começou a figurar entre os 10 maiores depositantes de patentes no Brasil a partir de 2010, chegando a figurar no top 3 entre os anos de 2015 e 2019.

3ª POSIÇÃO – BAYER (4258 documentos)

A Bayer AG é uma empresa Alemã, com sede em Leverkusen na Alemanha, atuante nas áreas de fármacos, química e agrícola, dividida em importantes braços como a Bayer HealthCare e a Bayer CropScience, possuindo mais de 150 anos de atuação.

A empresa foi fundada em 1863 por Friedrich Bayer e Johann Weskott, inicialmente para explorar o corante fucsina, tornando-se global no início do século XX. Atualmente está presente em mais de 87 países por meio de 392 subsidiárias e empregando mais de 103 mil pessoas no mundo. As suas principais marcas são: Aspirina, Yasmin, Microvlar, Redoxon, Bepantol, Coppertone, Basta, Confidor e Nunhems.

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de agroquímicos, pesticidas, herbicidas, fungicidas e ferramentas de controle de nocivos agrícolas e horticulturas, fármacos para tratamento de câncer, fibrose e leucemia, controle de pestes e inseticidas. A Bayer começou a figurar entre os 10 maiores depositantes de patentes no Brasil a partir de 2000, sendo o maior depositante entre os anos de 2001 e 2004.

2ª POSIÇÃO – BASF (5835 documentos)

A BASF é uma empresa alemã do segmento químico, com sede em Ludwigshafen am Rhein fundada em inicialmente para produzir o corante de anilina, inclusive o seu nome remete a essa finalidade, uma vez que BASF é a sigla para Badische Anilin & Soda Fabrik. 

A empresa foi fundada em 1985 por Friederich Elgenhorn, um ourives e empresário que tinha o objetivo de produzir corantes sintéticos para tecidos. Atualmente, a BASF possui mais de 390 unidades de produção, empregando cerca de 113 mil pessoas em mais de 80 países. As suas principais marcas são: Neopor, Ecoflex, Styropor e Magnafloc, sendo, porém, mais reconhecida no Brasil pelas fitas k-7 que se popularizaram nas décadas de 80 e 90, bem como a Tintas Suvinil.

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de pesticidas ativos, herbicidas, fungicidas e controle de pragas na agricultura e horticultura, medicamentos para tratamento de câncer, ácido acético, metanol, reações catalíticas envolvendo monóxido de carbono, pré-polímeros, poliol e isocianeto, entre outros. A BASF começou a figurar entre os 10 maiores depositantes no Brasil a partir de 2000, ocupando a primeira posição nos anos de 2005, 2007, 2008 e no período entre 2010 e 2016.

1ª POSIÇÃO – QUALCOMM (7271 documentos)

A Qualcomm, do acrônimo Quality Communication, é uma empresa americana do ramo de tecnologias em processamento, produzindo chipsets para celulares com tecnologia CDMA e W-CDMA.

A empresa foi fundada em 1985 por Andrew Viterbi, Harvey White, Franflin Antonio, Andrew Cohen, Klein Gilhousen, Adelia Coffman e Irwin Mark Jacobs, com o objetivo de desenvolver tecnologias ligadas a área de telecomunicações, se tornando líder mundial na fabricação de chipsets e soluções em comunicação mobile. Atualmente a empresa conta com 170 escritórios em mais de 40 países, empregando cerca de 40 mil funcionários. As suas principais marcas são Snapdragon, Brew e Eudora.

No Brasil, os documentos depositados estão concentrados principalmente nas áreas de comunicação wireless, sidelink e uplink, blockchain, downlink, controle de informação, internet, telefonia móvel e radiofrequência. A Qualcomm começou a figurar entre os 10 maiores depositantes de patentes no Brasil a partir de 2000, ocupando a primeira posição em 2010 e assumindo definitivamente após 2015.

Algumas outras empresas que não estão entre os 10 maiores depositantes também merecem destaque, como por exemplo a Unilever, que se manteve na lista entre 2000 e 2016 e a Pfizer e Novartis que também se destacaram em alguns períodos, chegando alcançar o top 5 em alguns momentos.

Observando os 10 maiores depositantes de patentes no Brasil desde 2000, nota-se que nenhuma empresa da lista é residente, ou seja, possui sede ou filial no Brasil, responsável pelos seus depósitos de patentes. Na verdade, a distância entre a 10ª posição da lista e o melhor depositante residente supera os 1300 documentos, o que é um dado que exemplifica bem a posição do Brasil como criador de novas tecnologias.

Também é possível observar uma predominância de empresas americanas na lista dos 10 maiores depositantes de patentes no Brasil, porém, com um top 4 dominado por empresas europeias, sendo duas empresas alemãs e uma empresa holandesa. Entretanto, é possível verificar uma alteração nesse cenário, tendo em vista o crescimento do interesse de empresas chinesas no mercado brasileiro e a aceleração dos depósitos de residentes, principalmente com as universidades públicas.

Quanto aos campos de interesse, também é possível observar uma predominância de empresas ligadas ao segmento agrícola, principalmente com atuação em defensivos químicos, como por exemplo Dow, Bayer, BASF o que também exemplifica a forte atuação do Brasil na agricultura como um dos maiores produtores do mundo em determinadas culturas.

Outros segmentos que se destacam são os de eletroeletrônicos com a GE e a Philips, o setor de bens e de consumo com a P & G e a Johnson & Johnson. Os setores de petróleo e gás e tecnologia também possuem representantes na lista dos maiores depositantes de patentes no Brasil e que representam também o interesse da indústria no mercado brasileiro, justificado pelo recente crescimento econômico da população e consequente aumento no poder aquisitivo.

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